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domingo, 1 de maio de 2011

A Educação Física e as Atividades de Aventura na Natureza

  Desde cedo que fomos habituados à Educação Física na escola (felizmente) e desde cedo que percebemos as dificuldades com que nós ou outros colegas se depararam perante a disciplina. A verdade é que nem todos os professores conseguem motivar a totalidade dos seus alunos para a prática, e as negativas nesta disciplina sucedem-se. Sem por em causa a profissionalidade dos professores, nem os atuais planos de educação física para o ensino básico e secundário, na minha opinião é urgente "chamar a razão" dos alunos para a prática desportiva. Ou porque é envergonhado, ou porque existe uns quilos a mais, ou porque não tem agilidade, ou porque simplesmente não gosta da disciplina... são vários os alunos que viram as costas à Educação Física, e sem outra explicação dizem "não gosto", "não quero", "não consigo".

  Na minha opinião é errado desistir desde "tipo" de alunos, porque afinal interessa que TODOS estejam dispostos à prática desportiva, seja ela porque motivo for.

  Assim, que solução existe? Provavelmente nenhuma concreta, porque varia de aluno, de motivo, de professor, de meio social...

  Mas... não se deve desistir e usar todos os meios e métodos que se conhece!

  Apesar de não ser da àrea de Ensino, lido de perto com ele, conhecendo variadas histórias e perspectivas de ver e resolver o assunto do "não gosto", "não quero", "não consigo". No entanto surgiro algo: aumento da motivação dos alunos para a prática! Porque não mostrar os benefícios do desporto? Porque não preocupar-se mais com as dificuldades dos alunos em vez de seguir o plano? Porque não abordar diferendes matérias que sejam mais do agrado dos alunos? E porque não abordar (mais) atividades de aventura na natureza?

  Numa onda de suposições, poderiam obter-se resultados bem positivos, principalmente em meios mais urbanos.

  Para além de todos os benefícios que estas atividades proporcionam, elas têm um carácter mais lúdico e de aventura, ao contrário de outras que são mais competitivas e que de certa forma minimizam os "mais fracos" da turma.

  Fico à espera de outras perspetivas e de opiniões, porque tal como disse, esta foi apenas a minha opinião perante um problema que se verifia desde sempre.

9 comentários:

  1. Talvez este seja um comentário muito extenso, mas há muita coisa que eu quero dizer em relação a este assunto. Começando pelo inicio do texto, é óbvio que uma quantidade enorme de alunos tem graves dificuldades na disciplina de Educação Física. Isto prende-se também por os alunos serem cada vez mais analfabetos motoramente. Eu não sou assim tão velho como isso, mas eu lembro-me de na minha altura eu sair para a rua, jogar à bola, correr, pular muros, etc etc.

    Todas estas actividades criam skills e aptidões que os alunos de hoje em dia não têm, simplesmente porque essas actividades se perderam, tendo sido trocadas por PS3, Net, Jogos, Facebook, etc etc. Logo eu penso que uma das dificuldades dos alunos passa por aqui.

    Outro problema ainda, pode ser a falta de Educação Fisica no 1º ciclo, como parte integrante do curriculo dos alunos e não como actividade extra-curricular, pois assim alguns alunos têm e outros não e alguns dos que têm, não têm de forma mais adequada pois a pessoa que está à frente não tem formação adequada, sendo esta idade (dos 5/6 até aos 9/10 anos) uma idade óptima para o desenvolvimento de muitas aptidões motoras. E este assunto poderia dar texto para mais um post.

    Do ponto de vista do professor, é óbvio que gostamos daqueles alunos que nós dizemos o que fazer e eles fazem todo maravilhosamente bem. Dá-nos prazer, mas os alunos que nos dão luta, são os tais analfabetos motores. Porquê? Porque é muito bom dar aulas a bons alunos, mas esses são os que menos precisam de nós. Nós temos de estar motivados para os alunos mais fracos, pois são esses que precisam de ser motivados, de aprender, de evoluir e são estes alunos que nos dão luta e são a nossa razão de sermos professores.

    Tal como referiste, não existe uma receita que se possa aplicar, pois há alunos, situações, contextos, professores, relacionamentos, etc etc que condicionam toda a a acção do professor.

    Quanto a "seguir o plano", isto não acontece. Em Educação Física existe um Programa Nacional de Educação Fisica, que é bastante flexivel, tendo desde os mais baixos skills até aos mais complexos. Os professores que trabalham de forma correcta, no inicio do ano realizam uma avaliação inicial de todos os alunos, e tendo por base essa avaliação realizada, programa o ano lectivo, para que os alunos consigam e possam evoluir, com situações adequadas às necessidade dos alunos. Portanto quanto a um plano, ele não existe, existe sim os PNEF que os professores seguem, e dessa forma podem proporcionar boas aprendizagens aos alunos.

    Quanto ao abordar matérias que são do agrado dos alunos, isso não pode ser realizado. Porquê? Os PNEF existem e são aqueles para todas as escolas porque o conjunto de matérias lá abordadas e ditas "prioritárias" são as que, se forem todas trabalhadas correctamente, desenvolvem diferentes aptidões nos alunos. Se só abordassemos as matérias que os alunos queriam, ia ser complicado, pois um queria futebol, outro dança, outro volei, outro, badminton. E como se programavam aulas assim? Complicado...e para além disto, se assim fosse, a Educação Física perde as suas especificidades: ecletismo e multidisciplinaridade, ou seja, capacidade de desenvolver várias capacidades nos alunos e ainda abordar diversas matérias.

    As actividades de aventura fazem parte dos PNEF, como matérias alternativas, pois nem todas as escolas têm condições de abordar este tipo de matérias. Mas o problema de minimizar os mais fracos, volta-se a colocar. E se o aluno não consegue subir a parede de escalada? Também se vai sentir minimizado, ou se não conseguir andar de bicicleta, ou o que seja. Existe sempre um senão, em qualquer uma das abordagens.

    Peço desculpa pelo longo texto, mas fica registada a opinião.

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  2. Começo por agradecer o comentário, que mesmo longo, contribui sempre para o desenvolvimento do tema, e neste caso específico, para um maior entendimento desta problemática aqui lançada.
    Em resposta ao teu texto devo defender-me pois não referi que se deva abordar sempre as atividades prediletas dos alunos, mas usa-las (de vez em quando) como meio de motivar os alunos para a Educação Física. Isto porque, e realçando o que disses-te, os professores que trabalham de forma correta (o que nem sempre se verifica) numa ou outra aula abordam uma matéria em que os alunos tenham mais facilidade, precisamente pela mesma razão. Mas facilidade não é sinónimo de gosto, de motivação. A minha sugestão é incutir ou utilizar mais vezes as atividades de aventura em contexto escolar.
    Por último, e na minha opinião, as atividades de aventura não deveriam fazer parte dos PNEF como matérias alternativas, mas como matérias obrigatórias. Porque é tao necessário os mosquetões e as cordas, como são as balizas e as bolas. É uma questão de mentalidades. Mas, mesmo que nem todas as escolas disponham de material para a prática, existe uma variedade de atividades que não precisam de nada mais do que originalidade e vontade.

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  3. Então vou continuar na defesa da minha "profissão". Os professores são incutidos aquando da sua formação a compor as suas aulas de 3 tipos de matérias: uma do gosto dos alunos, uma que os alunos precisem mesmo e uma em que o professor se sente realmente à vontade. Por isso os alunos acabam sempre por ter algo que gostam. Mas o problema não são esses alunos, que gostam de algo, pois os que gostam de algo, gostam de mais 3 ou 4 pelo menos. O problema são mesmo os alunos que não gostam de nada. Simplesmente não gostam de se mexer, porque faz suar e ficam a cheirar mal.

    O facto de as actividade de natureza não serem matérias obrigatórias em educação física não é mais do que um hábito social. Somos uma sociedade padronizada, e na nossa sociedade o que "manda" são so jogos desportivos colectivos, as ginásticas os desportos de raquete, etc., pois a nossa sociedade em que vivemos valoriza estes desportos como sendo os prioritários no desenvolvimento de habilidades e aptidões motoras.

    É de referir que isto dos PNEF é algo quase da exclusividade de Protugal, mais nenhum pais tem isto e aliás, mais nenhuma disciplina está tão bem estruturada e articulada verticalmente como a nossa.

    Mas imaginando que no Japão também existem PNEF, de certo as matérias obrigatórias e as alternativas seriam diferentes, tão só pelo simples facto de que a sociedade lá valoriza outro tipo de desportos, outras actividades. Muito provavelmente, na África do Sul, o rugby seria matéria obrigatória e em Portugal essa mesma matéria é alternativa.

    Mas as actividades de aventura envolvem riscos que muitos professores não querem correr. Quando existem professores que não dão salto ao eixo no cavalo porque têm medo de os alunos se aleijarem, como é que esses mesmos professores vão montar uma via de escalada e pôr os alunos a trabalhar nisso?Dificil...

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  4. Não querendo fazer aqui uma conversa a dois, incentivo a participação e a presença de outras opiniões. No entanto vou responder puxando a brasa à minha sardinha.
    Parece-me que tal como outros professores vês o problema do aluno que tem dificuldades como algo que é um problema dele, porque "não gosta de se mexer". Se calhar ele precisa de alguém que o incentive a "mexer", melhor, que o incentive a fazer algo ainda mais correto: praticar desporto!
    A verdade é que os desportos coletivos têm um avanço sobre os desportos de natureza, mas cada vez mais são as pessoas a aderir a este meio. E se calhar por isso mesmo, as atividades de natureza deveriam ser um "hábito" em meio escolar, para cativar, ensinar e incutir valores, regras e normas sobre este desporto. Para que as crianças, aquando adultas, possam praticar e não ter mais um obstáculo como: o que é? como se faz? E talvez poderem praticar com mais regularidade, sem terem medo do desconhecido.
    Em relação aos professores que têm medo... isso é uma questão de formação!

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  5. Não estou a ter uma visão em que o problema é do aluno e ele é que o deve resolver. O problema deste tipo de alunos, que geralmente não gosta de nada, é que estes alunos são completamente apáticos. E existem formas de os motivar, claro, mas são alunos extremamente complicados.

    Da mesma forma que tu dizes que a actividade de natureza promove certas competências (e eu sei que promove) também eu posso dizer que outras coisas também o promovem. Eu gosto da área das actividades na natureza, mas como muita gente sabe, eusou "fã" dos jogos desportivos colectivos, especificamente voleibol, rugby e futebol e também te posso dizer inúmeros beneficios destas três modalidades para alunos...apáticos.

    O rugby promove coesão de grupo e trabalho de equipa...o futebol e o voleibol, se trabalhados de forma correcta, podem promover grandes níveis de sucesso e elevação dos alunos...até dos mais apáticos.

    Mas eu também sei que só estas 3 modalidades não promovem o total das capacidades dos alunos, pelo que são importantes as ginásticas, os desportos de raquete, a dança e até a aptidão física e ainda os conhecimentos teóricos.

    Funciona tal e qual uma receita: um bife temperado só com sal não é o mesmo do que um bife com inúmeras especiarias, pois o segundo, fica mais...completo!

    Por isso agora, tudo depende do ponto de vista que pretendemos defender.

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  6. Mas esses 3 desportos fazem parte das matérias obrigatórias dos PNEF, e não resolve o problema dos alunos "apáticos". A ideia das atividades de natureza é que são mais lúdicas e podem aumentar a motivação, precisamente porque não fazem parte das obrigatórias e seria algo a tentar implementar nas aulas de Educação Física.
    Até porque como é obvio TODOS os desportos têm beneficios, não só para os alunos, mas para toda a população!
    :)

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  7. Tal como disseste, estamos aqui a entrar numa conversa a dois, mas isto é conversa que dá pano para mangas, e eu não posso deixar de comentar, pois é uma conversa que gosto.

    Devo referir que o rugby também não é obrigatória, pois também se encontra no lote das matérias alternativas. E não resolve o problema dos apáticos porquê? Se dermos oportunidade aos alunos de obterem sucesso, por exemplo, no futebol, eles sentem-se motivados e gostam...ficam contentes! Este tipo de miúdos fica quase fora de si quando marcam um golo!!!!

    Qualquer matéria pode ser abordada de forma lúdica. Aliás, as primeiras abordagens a qualquer modalidade, devem ser sempre efectuadas de forma lúdica, para cativar os alunos.

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  8. Estou deveras irritado ... dois comentários que escrevo e isto não assume GRRRR

    Problemas nas Act. de desporto Aventura

    - exigem espaços, tempo , materiais e €€€ elevados;

    - nem todas as escolas têm recursos materiais e espaciais para as realizar;

    - realiza las fora da escola envolve um trabalho de logistica enorme (experiencia propria com a realização destas actividades na escola e fora da escola)

    - É errado considerar as Act Desporto Aventura com maior importância do que o futebol - a titulo de exemplo o futebol é super importante para a dissociação dos membros inferiores nas raparigas!


    - É errado dizer que são este tipo de actividade que vai por os alunos a gostar de Ed Fisica ou de Act Fisica.

    Cada aluno tem a sua especificidade e eles podem simplesmente não gostar de fazer act fisica ...

    - Os professores motivam os seus alunos ... alguns conseguem desenvolver as suas capacidades e outros não ... por varias razões - o que o Carlos disse dos analfabetos motores é verdade !!! Os miudos antigamente chegavam à escola com uma série de Skills e hoje em dia não !!!

    Espero que tenham sucesso no vosso curso porque quantos mais profissionais houver a trabalhar, maior a oferta e mais baixos ficam os custos. Assim todos tiramos proveito desse tipo de actividades.

    Atenciosamente,
    Jorge Mendes

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  9. Pedimos desculpa pelo tempo demorado a responder, mas o tempo disponível é escasso.
    Começamos por dizer que no texto acima não foi dito que as atividades de natureza vão por os alunos a gostar de educação física, mas que numa onda de suposições essas atividades podem agradar aos alunos que não gostam de outros desportos.
    Relativamente aos espaços, materiais e custos, é certo que estas atividades requerem um pouco mais em comparação a outras, mas na nossa opinião, vale a pena, e com um pouco de esforço é possivel praticá-las. Basta que haja realmente vontade por parte das autarquias, das escolas e dos professores.
    Por exemplo, podem ser criados protocolos de colaboração entre as autarquias e as escolas no sentido de rentabilizar ou proporcionar a utilização de instalações ou materiais. E mesmo as escolas que não têm instalações adequadas podem abordar as atividades nos espaços naturais perto das mesmas. Pode envolver mais trabalho de logística, mas o resultado poderá compensar.

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